Thursday, 29 October 2015

1960s Rio Pequeno seen from Belgium

Through this blog I received a message from a Brazilian woman named Eglantine Eglantines who has migrated to Belgium some decades ago. She told us she lived in the Rio Pequeno area in the 1960s with her parents and some time with her grandmother. Here are some things Eglantine shared with us.


Eu nasci em Dezembro de 1953. Fiz os 4 anos do curso primário - 1961 a 1964 - no Grupo Escolar do Rio Pequeno. que era uma escola feita de madeira e pintada de verde-claro, no local onde, nos anos 1970s, seria construído o Ginasio Estadual Professor Daniel Paulo Verano Pontes, Avenida Joaquim Seabra, 1.187. 

Em 1961, eu morava na  Estrada do Rio Pequeno (atual Avenida); três casas antes de uma padaria na popularmente-conhecida como Praça do Sossego - esquina da rua Jorge Ward & da referida Estrada.

Minha avó materna morava numa casa ao lado da igreja de São Patricio, na Rua Otacilio Tomanik, e ajudava tomar conta da igreja. Me lembro que o padre passava na casa dela para tomar café, ainda usava batina preta. A gente tinha que pedir benção e beijar-lhe a mão.

Minha avó mudou-se, então para uma casa no início da rua Engenheiro Heitor Antonio Eiras Garcia, que nós chamávamos de 'Mercadinho'. Ali tinha muito mato naquele tempo. 

Minha avó faleceu em 1967, quando eu tinha 13 anos. Me lembro que chovia naquele dia e para chegar à casa dela tinha que descer um barranco e os pés ficavam com muito barro vermelho. Ainda era comum o caixão ficar na sala da casa antes do enterro.

Parte da Estrada do Rio Pequeno ainda era de terra. La na Corifeu de Azevedo Marques havia um quartel da Força Pública. Tinha circos ou parquinhos-de-diversão que eram instalados em terrenos baldios da Estrada com a Otacilio Tomanik, que no verão eram alagados pelo transbordamento do Rio Pequeno correndo em direção ao Rio Pinheiros. Os circos ficavam no local algumas semanas. Era a maior diversão para a gente aos domingos, mas para ter direito ao dinheiro para diversão no parque ou circo, a gente tinha que limpar a casa, ir à missa e ter feito toda lição-de-casa. 

Eu ia p’ra escola por uma trilha no meio do mato, com muitos pés de mamonas. As vezes, na volta, nós fazíamos ‘guerra de mamonas’ entre os colegas, que grudavam no cabelo da gente. 

Antes de entrar em classe, a gente fazia fila de dois-em-dois no patio, cantava o Hino Nacional, com a mão no peito, subia silenciosamente para as classes, sentava cada um em sua carteira determinada. Quando a professora entrava, a gente se levantava e rezava com ela.

Tive duas professoras: dona Irdes e dona Alice. Como eu era a primeira aluna da classe, sempre fui a queridinha das professoras. Dona Irdes morava no Educandário e, de vez em quando, pedia para eu ir à casa dela buscar ou levar alguma coisa. Eu ia com o maior prazer e como eu era alta e de pernas compridas, fazia o trajeto bem rápido. A alegria era depois, quando ela me cobria de presentes, quebra-cabeças, joguinho-de-roleta, lápis, cadernos etc.

Em dias de festas e feriados como o 7 de Setembro, a gente mesma fazia os instrumentos de forma artesanal.

Televisão não era todo mundo que tinha; tinha que ir ao vizinho; todo mundo se sentava no chão da sala para assistir.

Também íamos à pé à Rodovia Raposo Tavares passear no meio das florestas que tinham por lá ou fazer pic nic. 

Sai do Rio Pequeno em 1967, aos 12 anos. Fui morar no bairro do Ferreira com minha tia, mas voltava sempre, pois minha mãe continuou na mesma casa.



Assembleia Legislativa do Estado de S.Paulo; Decreto n. 35.063, de 29 Dezembro 1959 do Diario Oficial do Estado de S.Paulo:


Plano de ação: dispõe sobre a desapropriação de imóvel situado no bairro do Rio Pequeno, necessário à instalação do Grupo Escolar local. 



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